Como mantenho minhas configurações do Vim

Meu primeiro contato com o editor de texto Vim foi logo quando entrei na faculdade, em uma aula de cálculo há quase 10 anos atrás. Antes da aula começar, um colega, Dirley, que eu ainda não conhecia, estava sentado nas fileiras da frente com o laptop aberto trabalhando em algum projeto.

Tela com fundo preto e dividida ao meio, de um lado textos coloridos e do outro linhas e linhas rolando pela tela. Ele apertava algumas teclas e tudo se mexia. Sério, ele estava na Matrix! Se me oferecesse um pílula vermelha eu tomava sem pensar duas vezes!

Foi assim que fui apresentado ao Vim. Quando me dei conta do tamanho da comunidade por trás do editor, fiquei impressionado. Milhões de configurações, atalhos, plugins, temas. E de repente, havia caido num buraco negro. Incontáveis horas perdidas tentando fechar o Vim configurando o editor, aprendendo os atalhos, instalando plugins, tentando fazer os temas funcionarem, tudo na base do ctrl-c ctrl-v do que achava interessante por ai.

Até que um dia decidi tentar aprender o que cada configuração fazia e por fim escolher as melhores opções para mim. Desde então, há pelo menos 6 anos, uso basicamente a mesma configuração do Vim.

Neste texto, não vou falar sobre a melhor configuração ou plugin que você deva usar, mas como se organizar para não ficar perdido quando quiser fazer alguma mudança.

Dividir e conquistar

O .vimrc é o arquivo que o Vim procura as configurações do usuário. No meu caso, tenho as configurações divididas em 4 arquivos diferentes dentro da pasta ~/.vim, com o .vimrc servindo apenas como um agregador dos demais arquivos. Essa estrutura de arquivos veio do querido Humberto Rocha, que muito me ensinou sobre Vim.

" Configurações do Vim
source ~/.vim/config.vim

" Plugins que uso 
source ~/.vim/plugins.vim

" Configurações dos plugins
source ~/.vim/plugin_config.vim

" Atalhos
source ~/.vim/atalhos.vim

Configurações do Vim

Todas as configurações exclusivas do Vim, com exceção dos atalhos, vão no arquivo config.vim. Como guia para escolher o que e como configurar o editor, usei bastante a própria documentação do Vim, em particular a seção options. Você pode usar a documentação no site vimhelp.org, mas se quiser acessá-la de dentro do Vim, aqui vai algumas dicas:

Uma das configurações que mais gosto, é poder abrir um arquivo no Vim com o cursor no mesmo lugar que ele estava quando fechei o arquivo pela última vez:

au BufReadPost * if line("'\"") > 0|if line("'\"") <= line("$")|exe("norm '\"")|else|exe "norm $"|endif|endif

Confira o restante das minhas configurações em config.vim.

Plugins

Todos os plugins que uso ficam listados no arquivo plugins.vim e são instalados pelo vim-plug. Até a versão 8 do Vim, lançada em 2016, era necessário usar um plugin, como o vim-plug para instalar outros plugins. Como vim-plug sempre funcionou comigo, não migrei para a opção nativa.

Os 3 plugins que mais gosto são:

Exemplo de como usar o vim-plug para instalar os 3 plugins acima:

" Ativa o vim-plug
call plug#begin()

Plug 'scrooloose/nerdtree'
Plug 'kien/ctrlp.vim'
Plug 'airblade/vim-gitgutter'

" Você pode instalar qualquer plugin direto do Github da seguinte forma:
" Plug 'perfil/plugin'

" Todos os plugins precisam ficar entre o `plug#begin()` e `plug#end()`
call plug#end()

Configurações dos plugins

Cada plugin permite uma série de configurações diferentes, como por exemplo, os atalhos que ativam o ctrlp.vim ou NERDTree. Na época, optei por separar as configurações em arquivo um arquivo exclusivo, plugin_config.vim. Hoje, acredito que faria diferente, apenas o arquivo plugins.vim seria suficiente para gerenciá-los e configurá-los.

Atalhos

Já o arquivo atalhos.vim teve sua última mudança há 5 anos atrás, na época em que reorganizei o repositório. Me limitei a poucas customizações, pois os atalhos do próprio Vim, apesar de difíceis de aprender, te permite ser bastante eficiente. Além disso, não ser muito criativo nos atalhos facilita quando é preciso usar o Vim em um computador sem as suas configurações, seja acessando um servidor remotamente ou pareando com alguém.

O atalho que mais uso é o jj, que foi mapeado para a tecla ESC, ou seja, sempre que pressiono jj, o Vim interpreta como ESC:

imap jj <esc>

Todos os arquivos estão no Github. Você pode seguir as instruções no README.md para instalar ou criar um fork com as suas próprias configurações.

Meme Fork All The Things

E lembre-se, para sair do Vim: :q

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